Pausa para aguardar...
(...)que dos desencantos se passe aos encantos.
Algumas notas:"Tenho mais pena dos que sonham o provável, o legítimo e o próximo, do que dos que devaneiam sobre o longínquo e o estranho. Os que sonham grandemente, ou são doidos e acreditam no que sonham e são felizes, ou são devaneadores simples, para quem o devaneio é uma música da alma, que os embala sem lhes dizer nada. Mas o que sonha o possível tem a possibilidade real da verdadeira desilusão..." (F.Pessoa)
Morreu o professor e este facto entristeceu-me.
Relembro longas conversas/discussão no 'bar' de Letras,quando os não alunos o convidavam prá discussão. Há tantos anos, que afinal parecem dias...
Ficams os seus escritos, a longa obra de autor pensante, as crónicas. O 'monte de livros'sempre desajeitadamente debaixo do braço,a disponibilidade permanente,a simpatia muito especial, o almoço adiado...
Aquele fraquinho pela actual ministra da tutela 'desencantava', mas enfim...o bar de Letras já não existe e ele já lá não volta. Paciência. 'O Fio do Horizonte' quebrou-se e os 'diálogos sobre a fé' ficaram inacabados.
Cito de cor uma frase que gostava de repetir" o problema está também em nós, portugueses, povo de chicos-espertos, povo que, como nenhum na Europa, é mestre na arte do desenrascanço".Tinha razão.
Bergman morreu aqui bem em frente, donde me encontro, no seu refúgio de Farö; por ironia nunca täo perto eu estivera desta personagem que há 20-30 anos me fascinava, ele que foi tratado durante muito tempo com indiferença na Suécia e só muito recentemente foi reconhecido como um grande mestre do cinema aqui no seu país, sendo agora atribuído um Prémio Bergman aos jovens talentos do cinema durante uma cerimónia equivalente aos Óscares.
Para os portugueses , e para muitos dos nossos governantes, vem sendo recorrente invocar os ´exemplos nórdicos´como referência para quase tudo, pese embora as realidades sejam bem diferentes, as raíses culturais, os modelos sociais com ´história´,os momentos; algumas dessas invocacöes säo por vezes aberrantes e inconsistentes e fazem sorrir.
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