Gil Vicente

(O)Gil Vicente retrata, com refinada comicidade, a sociedade portuguesa do século XXI, demonstrando uma capacidade acutilante de observação ao traçar o perfil psicológico das personagens a que dá corpo. É um crítico severo dos costumes, de acordo com a máxima ditada por Molière (e outros ainda bem vivos).
Em 34 intervenções (jogos com prolongamentos), usa grande quantidade de personagens extraídos do espectro social português. É comum a presença de marinheiros, ciganos, camponeses,mafiosos, fadas e demónios e de referências – sempre com um lirismo nato – a dialectos e linguagens(demasiado) populares.
São geralmente apontados, como aspectos positivos, a imaginação e originalidade evidenciadas; o sentido dramático e o conhecimento dos aspectos relacionados com a problemática.
Alguns autores consideram que a sua espontaneidade, ainda que reflectindo de forma eficaz os sentimentos colectivos, exprime a realidade criticável da sociedade a que pertencen e que perde em reflexão. De facto, a sua forma de exprimir é simples, chã e directa, sem grandes floreados poéticos.
É também versátil nas suas manifestações: por um lado, parece ser uma alma rebelde, temerária, impiedosa no que toca em mostrar os vícios dos outros da mesma forma que se esperaria de um inconsciente e tolo bobo da corte (por outro é pior que eles)
Se foi realmente ‘artista’, terminou a sua obra , em ‘ouro’( – está em Belém! – junto do Mosteiro dos Jerónimos, e tem a cruz de Cristo)
Pedro de Poiares localiza o seu nascimento em Barcelos,- que galo!- mas as hipóteses de assim ter sido são poucas. Pires de Lima propôs Guimarães já que a cidade foi durante muito tempo berço privilegiado (de gente do futebol). O povo de Guimarães orgulha-se desta hipótese, mas Lisboa é muito defendida como o local certo da sua vida e morte,(embora eles não o admitam.).